MotoGP, 2021: Márquez treinou numa RCV?

Por a 17 Março 2021 13:30

Márquez já rodou em Barcelona com uma RC213V, mas foi a S, a caríssima versão de estrada, doutro modo seria ilegal perante as regras de MotoGP

O piloto da Honda andou numa RC213V-S num teste privado em Barcelona, continuando a corrida para estar apto para a ronda inaugural de 2021

Nas últimas semanas, um punhado de pilotos tem estado a usar motos de SBK para o seu treino de pré-temporada enquanto aguardavam a chegada do Teste do Qatar.

É comum ver piloto de MotoGP a usarem superbikes como motos de treino fora de época, no entanto, uma moto destaca-se sempre entre a multidão, pois tem um pouco mais aspeto de MotoGP do que a maioria.

Desde o seu lançamento em 2015, muitos pilotos da Honda recorreram à Honda RC213V-S como uma moto de treino, como fez recentemente Marc Márquez da Honda Repsol.

Ontem, no Circuito de Barcelona-Catalunha, a preparação do oitavo campeão do mundo para estar apto para a ronda inaugural de 2021 deu um grande passo em frente graças à ligação direta às máquinas de MotoGP puro-sangue da RC213V-S.

A RC213V-S foi inspirada diretamente na Honda RC213V de 2013 e 2014 e na RCV1000R Open Class de 2014, com uma grande parte do DNA da moto de MotoGP.

Se não se costumam ver muitas, é porque com o seu preço de 188.000 Euros, não é a moto ideal para deixar cair num Track Day… a menos que se seja um Campeão milionário como Márquez!

Mas, independentemente do seu custo, aspeto de protótipo e banda sonora V4, há uma série de diferenças fundamentais que a tornam muito mais uma moto de estrada do que uma moto de MotoGP.

A semelhança com a RC213V é clara, já que a RC213V-S herda um chassis, um braço oscilante e um motor muito semelhantes, mas todos com ajustes e alterações técnicas para tornar o modelo ‘S’ mais adequado à estrada.

Mas, sem dúvida, a maior divisão entre a máquina de MotoGP e o modelo ‘S’ é o motor.

O modelo S não herdou o sistema de válvulas pneumáticas, em vez disso, tem o sistema convencional de válvula helicoidais atuadas por molas que, em última análise, cria muito menos potência.

Outra grande diferença é a caixa de velocidades de engrenagem constante que, mais uma vez, a RC213V-S não tem.

As alterações significam que o modelo ‘S’ debita 159 cv de origem e 212 cavalos com o kit de pista montado.

Compare-se isso com a moto de Grand Prix da época que se acredita produzir algures na região de 250 cv.

Se tivesse que se resumir a RC213V-S, é uma superbike muito, muito especial. Leva o melhor do MotoGP e aplica-o à estrada, razão pela qual nos 6 anos desde o seu lançamento vimos tantos pilotos a usá-la como uma moto de treino. Um chassis rígido, muito estreito graças ao motor V4, torna o modelo S leve e manobrável, o que significa que dá a sensação mais próxima de uma MotoGP que se pode obter sem andar na moto real.

Além disso, há o bónus extra de que o V4 é a velha variação screamer, fazendo parecer as Honda de antigamente.

A ideia de uma ‘MotoGP para a estrada’ também não é algo novo.

A Ducati fê-lo em 2008 com a sua Desmosedici RR. Também era uma moto de estrada inspirada na de MotoGP com motor V4 que foi construída para levar o mundo dos protótipos para a rua.

Entre a RR e a RC213V-S, eles foram capazes de fazer exatamente isso, embora de uma forma limitada e diluída.

Embora o modelo S tenha agora 6 anos, ainda partilha uma grande parte do seu ADN com as máquinas de MotoGP de hoje, pelo que é provável que ainda o vejamos a ser usado como uma moto de treino durante alguns anos… pelos muito ricos!

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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