MotoGP, 2021: A debandada de Brivio para a F1
Foi a bomba da semana e ainda vai dar muito que falar…de aonde veio Davide Brivio e quem o substituirá agora na Suzuki?
No que diz respeito a novidades no defeso, é difícil imaginar maior bomba do que a notícia de que o Manager da Suzuki, Davide Brivio, fresco de vencer o campeonato do mundo há poucas semanas com Joan Mir, vai abandonar o paddock de MotoGP em troca da F1 em 2021, pois é o novo CEO da recém-nomeada Alpine, a equipa da Renault na Formula 1.
Não só isto é um enorme golpe para a marca de Hamamatsu, é também uma enorme perda para todo o campeonato, dada a experiência e sucesso de Brivio como chefe de equipa.
Brivio tem gerido equipas vencedoras desde a década de 90, começando no paddock do Mundial de Superbike com Fabrizio Pirovano (2 abaixo) quando o Campeonato das derivadas de série rivalizava em popularidade e audiências com as corridas de Grande Prémio.
Desse tempo à frente da BYRD (Belgarda Yamaha Racing Division, o braço de competição do importador da Yamaha em Itália) a ser promovido a gestor da equipa de fábrica, foi um curto passo e Brivio mostrou pela primeira vez o que se tornaria uma espécie de imagem de marca, elevando uma equipa de candidatos a lugares médios primeiro a vencedores regulares de corridas e depois a candidatos ao título, que lhe falhou por pouco em 2000 quando Nori Haga ingeriu uma substância proibida acidentalmente e foi forçado a perder a fase final da luta pelo título, que foi para a Honda e Colin Edwards.
Modesto e sempre sorridente- “sou um empregado da Yamaha, vou aonde me mandam!” – disse-me um vez há muito anos – os seus esforços nas SBK valeram-lhe a oportunidade de se mudar para o MotoGP, mesmo a tempo da mudança de dois tempos para quatro e com a mesma tarefa que tinha na classe de produção: encontrar o caminho da Yamaha de volta ao topo.
Foram precisas apenas duas temporadas, graças em parte à gestão eletrónica da M1 (enquanto a Honda se afincava com soluções próprias e falhava, a Yamaha concedeu e mudou para a Magneti Marelli) e graças ao maior golpe da sua carreira: ter atraído Valentino Rossi da Honda para a temporada de 2004.
Foi o começo de um dos maiores contos de fadas da história do automobilismo quando Rossi pegou numa moto inferior e ganhou não só a sua primeira corrida em Welkom, na África do Sul, mas também o título de 2004, e iniciou uma bela relação que viu o par ganhar quatro coroas de aí a 2009.
De facto, a sua relação tornou-se tão próxima enquanto trabalhavam em conjunto que quando Rossi saiu da Yamaha para a Ducati em 2010, Brivio também deixou o fabricante de Iwata, e geriu a carreira de Rossi, que acabara de romper com o seu corrupto manager Guido Badioli algum tempo antes.
A ausência de Brivio da direção de uma equipa de MotoGP após a sua saída da Yamaha não durou muito tempo, no entanto, com o seu nome o primeiro da lista quando a Suzuki decidiu voltar ao campeonato.
Encarregado de fazer o mesmo trabalho que fez na Yamaha, não uma, mas duas vezes, Brivio descalçou a bota assinando uma mistura de talento jovem e não testado e experiência veterana na forma de Maverick Viñales e Aleix Espargaró.
Sob a tutela do natural de Monza, a equipa tornou-se pela primeira vez vencedora de corridas com Viñales, e a seguir competidores regulares pelo pódio com o seu substituto Alex Rins, preparando o palco para Mir, que iria levar o título apenas na sua segunda temporada na classe rainha em Novembro passado.
De facto, apostar em jovens talentos tem sido uma espécie de jogada de assinatura para Brivio e a Suzuki desde que combinaram forças.
Sem grandes orçamentos, comparativamente a outras equipas, a Suzuki arrancou três pilotos diretamente de Moto2 antes de muitos acreditarem que estivessem prontos para o MotoGP, e já fez a escolha valer três vezes seguidas.
Alias, esta capacidade pode muito bem ser algo que atraiu a Renault a Brivio dada a forte tradição da marca Francesa de nutrir talento interno.
O outro fator a jogar a seu favor é o sucesso de Brivio como gestor de recursos humanos, que dada a sua falta de experiência em quatro rodas provavelmente também terá desempenhado um papel fundamental na sua contratação.
Brivio criou o que muitos no paddock de MotoGP consideram uma equipa quase perfeita cvom a Suzuki, misturando habilmente as melhores qualidades dos engenheiros japoneses do fabricante, uma equipa técnica em grande parte italiana e dois pilotos espanhóis.
E apesar da perda de Brivio, visto como uma das pessoas mais simpáticas do paddock, ser um enorme golpe para a equipa de MotoGP da Suzuki, é uma golpada para a Alpine, pois conseguiu encontrar um team manager que é quase universalmente amado.
Agora, põe-se a pergunta de quem o irá substituir? Fala-se de Livio Suppo, (acima) mais um nome ligado a Rossi no passado e com experiência de gestão na Honda e Ducati, mas não há nada confirmado ainda.
Um dos irmãos Guidotti poderia ser um bom palpite, talvez o mais jovem Francesco, (acima) que se poderá sentir um pouco apertado na Pramac e pronto a assumir um papel de Team Manager.
Do que não há dúvidas é que Davide Brivio, aos 57 anos, e mesmo que o orçamento seja 10 vezes maior, tem pela frente um grande desafio para repetir os seus sucessos anteriores na categoria máxima do Automobilismo.