MotoGP, 2020: O caso das válvulas da Yamaha, 2

Por a 13 Dezembro 2020 16:00

Ao pretender ilibar-se com uma análise independente às suas válvulas, a Yamaha enterrou-se ainda mais

A Yamaha mentiu à MSMA e fez declarações enganadoras à comunicação social

           
Em todo o caso, o instituto independente de testes da Universidade de Pádua, a que a Yamaha tinha recorrido para provar que as suas válvulas eram idênticas, revelou que a superfície das válvulas não homologadas era até 50% mais suave do que as válvulas do motor homologado.

Foram também notadas algumas diferenças na composição de titânio-alumínio, ou seja, o idêntico era afinal diferente…
Os regulamentos do MotoGP não proíbem que certos componentes do motor sejam produzidos por diferentes fabricantes, mas devem ser idênticos e cumprir a especificação homologada.
No caso das diferentes válvulas Yamaha, existiam até diferenças visíveis a olho nu – nas cores, na superfície, na geometria. A marca admitiu então que a geometria foi alterada cinco graus.


“Se a geometria mudou de um fabricante para o outro, então o novo fabricante recebeu um desenho diferente por onde trabalhar”, afirma um técnico rival.
É completamente incompreensível a razão pela qual a Yamaha continuou a afirmar, após o escândalo em Valência, que as válvulas eram de diferentes fabricantes, mas absolutamente idênticas.

Um “design idêntico” também foi mencionado num comunicado de imprensa. Isto não era verdade, caso contrário o painel de comissários da MotoGP para o primeiro GP de Jerez não teria retirado os pontos no Campeonato do Mundo de Marcas e Equipas.
No entanto, a Yamaha admitiu posteriormente em Valência que as válvulas utilizadas no primeiro Grande Prémio eram “significativamente mais suaves” do que as homologadas.
Por conseguinte, a Yamaha mentiu à MSMA e fez declarações enganadoras à comunicação social.

Foi igualmente alegado que os motores selados em Jerez a 19 de Julho com as válvulas “defeituosas” nunca mais tinham sido utilizados. Mas foi possível provar que Viñales tinha andado com um deles novamente em Spielberg, porque se estava a tornar claro que ele não iria ultrapassar a temporada com os cinco motores.
Alguns engenheiros da Yamaha tinham de saber que o motor M1 homologado tinha válvulas diferentes dos motores selados no GP de Espanha e que não eram idênticos.

A reacção pública da Yamaha a esta farsa, que se tornou escandalosa devido aos encobrimentos, foi ainda mais hesitante.

Segundo eles, a disparidade era devida a “um mal-entendido com a interpretação das regras na Yamaha Japão” e o desempenho das válvulas era “claramente idêntico”.
O que também não é verdade, senão nem faria sentido trocar umas pelas outras.

O facto é que as novas, mais macias e ilegais, avariaram, por isso a Yamaha queria trocá-las pelas homologadas.
No entanto, a Yamaha nunca admitiu a culpa, embora as penalizações com as deduções de pontos para o Campeonato do Mundo de Marcas e Equipas fossem aceites sem protesto, apesar de terem levado à derrota no prestigiado Campeonato do Mundo de Construtores, que a Yamaha liderava com boa vantagem graças ao seu número superior de vitórias.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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Patchogue train station
Patchogue train station
4 anos atrás

https://www.motosport.com.pt/moto-gp/motogp/motogp-andaluzia-os-motores-da-yamaha/#comment-3373

Caro Araújo,

O que é que me diz agora do seu artigo a 26 de julho?

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