MotoGP, 2020, Portimão: A Suzuki no Mundial, Parte 1

Por a 17 Novembro 2020 18:30

Um olhar sobre a história de Suzuki, começando como um fabricante de teares em 1909 para mudar para o fabrico de motocicletas e chegar a atingir o mais prestigiado galardão do motociclismo mundial

A Suzuki tem as suas raízes históricas noutra indústria. O fundador, Michio Suzuki, foi um inovador engenheiro, que construiu uma fábrica de tecelagem chamada Suzuki Loom Works (Oficina de Teares Suzuki) na pequena cidade costeira de Hamamatsu, na província japonesa de Shizuoka, em 1909. A produção incidiu sobre tecidos de algodão e as capacidades inerentes a um tal fabrico de precisão tornaram-se parte da filosofia da marca.

A Segunda Guerra Mundial e o período pós-guerra deixaram a Suzuki em crise e forçaram uma reestruturação em larga escala.

Em 1952, como resultado deste clima de incerteza, a Suzuki decidiu fabricar a sua primeira bicicleta motorizada.

Denominada “Power Free”, a motorizada foi desenhada como um veículo económico para quem tinha um orçamento baixo num Japão destruído pela guerra.

Era alimentada por um motor de dois tempos de 36cc ancorado a uma bicicleta convencional. O seu design versátil significava que podia ser usado de várias maneiras; pedalando sem usar a energia do motor, ou com potência total ou parcial do motor.

Em 1960, após algumas tentativas em pistas locais, deu-se a estreia nas Corridas, no Tourist Trophy da Ilha de Man. Esta foi a primeira corrida internacional em que a Suzuki participou. Os três participantes da Suzuki terminaram a corrida.

Quase logo a seguir, um piloto da Alemanha Oriental, Ernst Degner, conduziu Suzuki à sua primeira vitória na Ilha de Man com um protótipo de 50cc chamado RM62. É por isso que ainda hoje uma das curvas do traçado de Suzuka no Japão ostenta o seu nome.

Degner foi crucial no desenvolvimento das primeiras motos de pista da Suzuki. Em 1961, depois de fugir da Alemanha Oriental, juntou-se à Suzuki e ajudou a desenvolver as suas motos de dois tempos, utilizando os conhecimentos de um engenheiro da MZ, Walter Kaaden, e os seus próprios, a que juntava habilidade mecânicas.

Na última ronda do calendário de corridas de 1962, o neozelandês e ex-jogador de râguebi, Hugh Anderson, deu à Suzuki a primeira vitória na classe de 125cc. Aconteceu no Autódromo Óscar Alfredo Gálvez em Buenos Aires, Argentina.

A Suzuki enfrentou o seu segundo ano completo no Campeonato do Mundo em 1963. Um engenheiro de desenvolvimento em Hamamatsu, Mitsuo Itoh, teve uma vitória extraordinária no TT da Ilha de Man. Este feito memorável ficou para a história, já que Itoh foi o primeiro, e continua a ser o único, japonês a ter conquistado as perigosas estradas da ilha.

De 1963 a 1965, Hugh Anderson continuou a pilotar pela Suzuki e venceu os campeonatos de 50cc e 125cc em 1963, com o que deu à Suzuki dois títulos de construtores na mesma temporada.

Conquistou o seu terceiro título em 50cc em 1964, e um ano depois ganhou o seu quarto, desta vez em 125cc. A Suzuki parecia imparável nas classes mais pequenas, e Anderson estava confirmando o seu estatuto de lenda na Suzuki.

Depois do sucesso de Anderson, em 1966 foi a vez de Hans-Georg Anscheidt explodir na cena.

O alemão montou a fabulosa RK66, um protótipo de dois cilindros capaz de atingir os 170 km/h.

Com esta moto, confirmou o seu domínio na categoria 50cc durante três anos, de 1966 a 1968.

Finalmente, em 1970, Suzuki concluiu um período brilhante nas pequenas classes, quando outro piloto alemão, Dieter Braun, venceu o Campeonato do Mundo de 125cc.

As suas motos eram verdadeiras maravilhas de miniaturização, criações multi-cilindro que atingiam regimes espantosos e deram o mote para as motos de Grande Prémio nas classes pequenas na década seguinte.

(continua)

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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