MotoGP, 2021: Jorge Lorenzo aliciado pela Aprilia

Por a 29 Outubro 2020 12:30


Numa revelação sensacional, parece que afinal será Jorge Lorenzo a substituir Bradley Smith na Aprilia

O compromisso assumido por Jorge Lorenzo para testar pela Yamaha, poucas semanas depois de se ter afastado do MotoGP no final do GP de Valência de 2019, foi saudado como um golpe de sucesso para a Yamaha. Mas Lorenzo só esteve dois dias nos seis dias de testes da Yamaha de fábrica em Fevereiro, em Sepang, porque não estava em condições e só lhe deram para testar uma Yamaha de 2019.


Depois disso, Lorenzo não foi convocado para o teste do Qatar de 22 a 24 de Fevereiro nem para o teste privado de MotoGP das outras fábricas em Jerez em Março, que foi vítima da crise do Corona.
Mais, a Yamaha nunca testou com Lorenzo em Maio, Junho, Julho ou Agosto. Durante as conversações com a direção da equipa, Lin Jarvis e Massimo Meregalli, houve críticas à dedicação do espanhol.

Aparentemente, a Yamaha propôs uma redução dos honorários do piloto devido à epidemia de Covid-19, e aos muitos testes cancelados, que chocou com resistência de Lorenzo e do seu empresário Albert Valera.
Presumivelmente, a gerência da Yamaha sabiam desde cedo que Lorenzo não ficaria para 2021 e por isso não queria revelar segredos técnicos ao piloto de saída.
Durante semanas, a Yamaha chegou a suspeitar que Jorge Lorenzo, de 33 anos, assumiria o lugar de Andrea Dovizioso na Ducati, apesar de o maiorquino e 68 vezes vencedor em GP não ter um resultado final no Top 10 há quase dois anos, e em 2020, tem brilhado nas redes sociais principalmente com estadias em resorts de luxo e “selfies” no seu Lamborghini.

Jorge foi autorizado a testar a 7 e 8 de Outubro em Portimão, porque os pilotos regulares com as motos de MotoGP não eram permitidos, mas mesmo lá só lhe puseram à disposição nas boxes uma Yamaha de 2019, sem “dispositivo de arranque” e sem um motor de 2020, o que deixou Lorenzo ainda mais descontente.
A Yamaha também não considerou seriamente substituir Valentino Rossi, que tinha testado positivo ao Covid, por Lorenzo, nos dois eventos de Aragón, embora pudesse. A relação entre Lorenzo e a fábrica japonesa pela qual venceu o Campeonato do Mundo de MotoGP em 2010, 2012 e 2015 parecia completamente desfeita.
No GP de Teruel, descobriu-se porque é que Lorenzo não está em primeiro plano na Yamaha há meses como piloto de testes.
É que o seu empresário Albert Valera, que gere não só o piloto de fábrica da Aprilia Aleix Espargaró, mas também pilotos como Jorge Martin (para 2021 na Ducati Pramac) e o recente talento Pedro Acosta, está em negociações muito promissoras com a Aprilia Racing.

Espera-se que Lorenzo assuma o papel de piloto de testes no lugar de Bradley Smith e Lorenzo Savadori. O penta-campeão mundial poderá ainda fazer até cinco aparições em corridas pela equipa italiana de concessão em 2021, caso seja autorizado a regressar.

Em 2020, os wild cards estiveram banidos por razões de custo, mas deverão regressar em 2021.

Em Espanha, diz-se que as negociações com a Aprilia estão bem avançadas, mas que o acordo ainda pode falhar, como aconteceu com Dovizioso.
Lembrar que a Aprilia pertence ao Grupo Piaggio, e Lorenzo estreou-se no Campeonato do Mundo aos 15 anos, em Jerez, numa Derbi 125, que também pertence ao grupo de Roberto Colaninno.

Lorenzo venceu então o Campeonato do Mundo de 250 em 2006 e 2007 numa Aprilia, antes de ingressar na Yamaha na classe de MotoGP.
No passado, a Aprilia ridicularizou-se com pilotos de testes lentos como Mike di Meglio, Matteo Baiocco e Lorenzo Savadori. Smith, também, parece estar para lá dos seus melhores anos. O presumível regresso de Lorenzo à Aprilia fecharia, portanto, um círculo.
Este plano, anteriormente secreto, do diretor de corridas da Aprilia, Massimo Rivola, também explica porque é que Bradley Smith já sabia no primeiro GP de Aragão, a 18 de Outubro, que estaria desempregado em Abril ao fim de dois anos e não escondeu nada, criticando a marca abertamente.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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