MotoGP, 2020: Os problemas de travões da Yamaha

Por a 27 Agosto 2020 14:00

O segundo fim de semana de MotoGP da Yamaha, atormentado por problemas de travagem, terminou com a moto de Maverick Viñales a arder nas barreiras e Valentino Rossi como melhor finalista em 9º.

Viñales foi forçado a abandonar a sua M1 a mais de 240 km/h quando os travões dianteiros falharam no final da reta principal da pista austríaca. Descrevendo o incidente como uma “explosão” dos travões, Viñales teve sorte de sair da corrida ileso pelo segundo fim de semana consecutivo, depois do seu encontro quase fatal no incidente de Johann Zarco com Franco Morbidelli no primeiro fim de semana no Red Bull Ring, quando as motos descontroladas por pouco não acertaram em Viñales e Rossi.

Problemas de travagem já tinham custado a Fábio Quartararo a hipótese de andar à frente na semana passada e voltaram a assombrá-lo novamente na Estíria, quando terminou apenas em 13º lugar.

“Perdi os travões uma vez no aquecimento e, seja como for, quando se perde uma vez perde-se a confiança”, disse o Francês. Temos um ajuste para os travões, e no final da corrida eu tinha-o o no maior ajuste possível e ainda assim a manete estava a encostar ao guiador. Foi perigoso.”

“Quando a bandeira vermelha saiu eu não tinha travões, e esta é uma pista onde precisas deles.”

“Estamos a perder em desempenho noutros lugares, como a aceleração, mas com certeza, sim, durante estas duas semanas tive muitos problemas com os travões.”

Quartararo foi um dos pilotos a mudar do design mais antigo de pinças Brembo para as novas unidades GP4 para este fim de semana, mas parece que o aumento de arrefecimento do novo design não foi suficiente para aliviar os problemas que as Yamaha enfrentavam.

Fabio não foi o único piloto a mudar-se para o novo design, com Rossi também a transitar para a especificação de 2020 antes deste fim de semana, depois de ter sofrido problemas semelhantes no fim de semana passado.

Rins à frente de Rossi, com as condutas de refrigeração dos discos bem visíveis em ambas

Mas o nove vezes campeão do mundo disse após a corrida que, dadas as forças e fraquezas específicas da atual moto da Yamaha, os problemas do travão não o surpreenderam assim tanto.

“Tive alguns problemas na semana passada, mas trabalhámos muito com a Brembo a partir de sexta-feira e este fim de semana não tivemos problemas em particular”, disse Rossi.

“Esta pista é muito exigente com os travões e todos sofrem, até se pode ver que todos têm uma grande conduta montada para arrefecer os travões.”

“Parece que a Yamaha sofre mais, porque tentamos ganhar nos travões o que perdemos nas retas.”

“A nossa moto é mais lenta, mas boa nos travões, por isso travamos com força e esforçamos muito o material”

Alguns especularam que esta questão pode ter sido exacerbada pelas atuais aflições com a fiabilidade dos motores Yamaha.

Estas lutas com a centralina elétrica de 2020 levaram a Yamaha a impor restrições ao regime do motor.

Já de si, a M1 tem travagem motor apenas vestigial, que é uma das razões para a sua boa entrada em curva, uma das suas qualidades contra as rivais.

Se para ajudar na fiabilidade após os recentes problemas, a travagem do motor foi ainda mais reduzida eletronicamente para ajudar a preservar a vida útil dos motores restantes, pode muito bem estar a obrigar os pilotos a confiar ainda mais nos travões, uma questão fundamental num dos circuitos de travagem mais difíceis do ano.

Parece que uso excessivo dos travões é exatamente o que aconteceu com Viñales na corrida, até porque o Espanhol não mudou para o novo sistema Brembo e teve mais problemas do que daqueles que Rossi, Quartararo e Morbidelli encontraram.

Não só o piloto da Monster sentiu uma perda de rendimento dos travões, mas consegui quebrar os discos naquilo que descreveu como uma “explosão”, e ficou subitamente sem travões quando chegou à Curva 1.

“Comecei a perder a pressão dianteira do travão. Estava a tentar, a tentar, uma vez cheguei a sair da pista”, disse Viñales, “e depois o Quartararo, o Valentino e o Danilo Petrucci ultrapassaram-me.”

“De repente o travão ficou bom, por isso podia fazer tempos de 1:24, e estava a recuperar muito para o Valentino e o Fábio, e de repente na Curva 1 o travão explodiu, por isso não foi possível fazer nada.”

Essa descrição foi apoiada por Alex Márquez, da Honda, que ia atrás de Viñales quando os travões falharam.

“Vi que ele estava a sofrer bastante”, disse o irmão mais novo Márquez, “mas não sabia se era por causa dos pneus ou o que era.”

“Depois vi-o a andar mais devagar em certas partes da pista para tentar arrefecer os travões e compreendi o problema.”

“De repente chegámos à Curva 1 e vi umas pequenas peças pretas a voar da moto dele.”

“No início, pensei que era parte de uma bota, até o ver saltar da mota a direito e percebi que ele tinha chegado à curva sem travões e era uma parte deles que eu vi. Não foi bom ver isso à minha frente.”

A admissão de Viñales que tinha tido problemas de travagem ao longo da corrida, atraiu a ira de alguns dos seus rivais, com o quarto classificado, Joan Mir, a pedir aos Comissários da FIM que iniciem uma investigação sobre as suas ações.

“Usei as pastilhas mais pequenas como sempre, porque não tive problemas de travagem no fim de semana, enquanto a Yamaha decidiu não mudar [na moto de Viñales] apesar das dificuldades encontradas desde o início do fim de semana”, disse Mir.

“Ouvi dizer que o Maverick teve problemas desde a quarta volta e isso é um comportamento irresponsável porque pôs em perigo todos os outros pilotos.

“Normalmente, quando alguém causa uma bandeira vermelha, é colocado sob investigação. Espero que haja uma investigação sobre o que aconteceu…”

Isto só vem mostrar o que ,ermitino andar mais, erpetua-se numa espiral sem fim..elhora um componente, se descobrem depois logo a seguir é uma realidade em MotoGP, o facto de que, quando se melhora um componente, permitino andar mais, se descobrem depois logo a seguir falhas noutro, e isto perpetua-se numa espiral sem fim.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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