MotoGP 2020: O que podemos esperar da Ducati este ano? Parte 2
Vimos como a aposta da Ducati se centra em Dovizioso, e se este poderá ficar na Ducati continuando a ser segundo. Se Dovizioso ficar, pode ser Danilo Petrucci que precise de abrir caminho. O italiano começou 2019 em força e pareceu crescer na primeira metade do ano. Andrea Dovizioso colocou Petrucci sob a sua asa, Petrucci até se mudou para viver mais perto do veterano da fábrica e passou a usar o seu personal trainer e nutricionista.
Esse trabalho duro culminou no momento mais emocionante do ano, quando Petrucci venceu o Grande Prémio de Itália em Mugello, tornando-se o segundo piloto italiano a vencer o Grande Prémio da Itália numa moto italiana – Andrea Dovizioso foi o primeiro em 2017.
Tinha sido um caminho longo, difícil e improvável para Petrucci: do salto para as 600 quando ele cresceu demais para caber numa 125, ao campeonato italiano, às Superstock, ao projeto IODA CRT, e ao final vencedor do Grande Prémio da Itália numa Ducati de fábrica.
Petrucci perdeu-se um pouco na segunda metade da temporada, perdendo a fé em si mesmo, e os seus resultados sofrendo com isso. Isso também foi uma consequência da sua história de fama súbita, um sentimento de que ele estava sendo menosprezado, visto como um impostor que não merecia o lugar que conquistara.
Se ele puder recuperar a confiança que tinha no início de 2019 e aproveitar isso em 2020, tem uma boa hipótese de permanecer na equipa de fábrica.
Jack Miller é outro que também quer ganhar o seu lugar na equipa da Ducati. O australiano teve a sua temporada mais forte no MotoGP em 2019, acumulando um total de cinco pódios, incluindo um terceiro emocional no seu Grande Prémio de casa, em Phillip Island. A equipa da Pramac Racing tem sido um bom lar para Miller, e os seus resultados melhoraram à medida que ele amadureceu.
Qual é a qualidade de Miller na Pramac? Quando a Ducati ameaçou colocar Jorge Lorenzo na equipa entre Brno e o Red Bull Ring, o chefe da Pramac, Paolo Campinoti, fez uma cena.
A equipa pagou à Ducati muito dinheiro para alugar as motos, disse ele, e a equipa devia poder decidir quem as ia pilotar. Os laços são fortes e, se alguma coisa impedir que Miller seja promovido à equipa de fábrica, é isso.
Já Pecco Bagnaia recebe uma Ducati de fábrica completa em 2020 e enfrenta o ano novo com mais experiência. O ex-campeão de Moto2 entrou no MotoGP como o novato, impressionando durante os testes fora da temporada, terminando o teste de Sepang como o segundo mais rápido em geral.
Ele também impressionou no Qatar, embora a sua corrida tenha terminado prematuramente quando ele perdeu uma aleta numa colisão. Mas o italiano lutou ao longo da temporada com a gestão dos pneus e nunca foi realmente competitivo em 2019.
Para 2020, a Ducati espera que ele intensifique os seus esforços. Eles contrataram Bagnaia para o MotoGP antes mesmo de ele começar a sua temporada final de Moto2, tal foi a confiança nele. A fábrica italiana vai querer ver um retorno do seu investimento este ano.
A Ducati tem um número excedente de campeões de Moto2 em 2020, com Johann Zarco a assinar ao lado de Tito Rabat na equipa Reale Avintia para a próxima temporada. No mínimo, o percurso de Zarco no MotoGP tem sido bizarro.
O francês fez uma estreia impressionante no MotoGP em 2017, liderando umas voltas a sua primeira corrida na classe rainha no Qatar. No final da temporada, o seu ex-gerente já tinha assinado contrato com a KTM para 2019, antes mesmo da temporada de 2018 começar.
Essa jogada provou ser um grande erro. Zarco nunca se sentiu confortável com a RC16, batido regularmente não apenas pelo seu companheiro de equipa, mas também por Miguel Oliveira na equipa Tech3, que ganha a quarta parte do salário do Francês.
Mudar para a KTM de uma Yamaha acabou por ser difícil, como Hafizh Syahrin também descobriu na equipa Tech3.
Zarco disse à KTM que queria sair no Red Bull Ring, com a intenção de permanecer até o final da temporada. Mas a KTM teve outras idéias: a fábrica austríaca estava farta e substituiu-o após as suas críticas constantes à moto em Misano.
Zarco recebeu um salva-vidas depois de Motegi, quando foi chamado para substituir Takaaki Nakagami na Honda LCR, pois o piloto japonês terminou a sua temporada mais cedo para fazer uma cirurgia ao ombro.
Zarco foi impressionante na Honda e, depois de conversas em Valencia, o francês assinou um contrato com a Ducati. A fábrica italiana confia bastante em Zarco, e ele deverá corresponder, se não tiver os mesmos problemas de adaptação que na KTM.
2020 é um grande ano para a Ducati. Eles têm uma moto nova que continuará muito rápida mas deve virar melhor, quatro GP20 de fábrica na grelha, uma segunda equipa satélite e uma mão-cheia de talento nas suas 6 motos, a maior representação de qualquer marca.
Gigi Dall’Igna foi contratado pela Ducati para conquistar um campeonato de MotoGP. Se não o puder fazer em 2020 com a atual formação de pilotos, a Ducati fará grandes mudanças no mercado de pilotos. Vai ser um ano atarefado!