Ensaio MV Agusta Turismo Veloce Lusso 2018 – Uma Sport Turismo “di Lusso”

Por a 29 Setembro 2018 18:15

Já ensaiámos no passado a primeira versão da MV Agusta Turtismo Veloce e ficámos surpreendidos com o seu fantástico desempenho global. Uma Sport Turismo que nos deixou uma excelente impressão sobretudo pela sensação de estarmos a conduzir uma moto desportiva mas numa posição de enorme conforto, ou seja, um combinação normalmente difícil de obter. Mas esse é precisamente o posicionamento que a MV Agusta pretende para a sua Turismo Veloce Lusso.

A nova versão de 2018 vem com uma série de melhoramentos, sobretudo no que a toca a suspensões que são agora Sachs electrónicas mas também num novo sistema de “quickshift” apelidado de SCS ( Smart Clutch System ) e que permite passar caixa nos dois sentidos sem ter que usar a embraiagem. O sistema SCS funciona como uma embraiagem “Rekluse”, semelhante a aquelas que só aplicam tração a partir de uma certa rotação, só que neste caso esta gestão é realizada electrónicamente pelo ECU e em função da medição de vários inputs, rotação do motor, punho do acelerador etc…

O motor tricilíndrico da Turismo Veloce é toda uma referência obviamente, com 798cc e 12 valvulas, o motor da Turismo Veloce monta uma cambota de tecnologia de Moto GP que roda no sentido contrário da rotação das rodas o que faz com que a moto seja mais fácil de colocar em curva. Cheio de torque, acracterísticos do motores de 3 cilindros, e a debitar 110 hp às 10.150 rpm, melhora no entanto o seu desempenho e suavidade na entrega de potência e subida de rotações a partir das 3.500 rpm. Abaixo das mesmas mostra-se algo ruidoso e mesmo preguiçoso a subir de rotação pedindo caixa para evitar a vibração que o mesmo nos transmite. Quando Castiglioni, presidente da MV Agusta, afirma que a Turismo Veloce é de facto uma desportiva disfarçada de Sport Tourer e refere-se precisamente a este comportamento. A Lusso gosta da alta rotação e é em regimes médios e altos que mostra toda a sua vocação.

O som característico dos motores tricilíndricos da MV envolve-nos totalmente. Apesar de penalizado pelo Euro4, e de estar agora mais “tímido”, a partir das tais 3.500 rpm o timbre é ainda inebriante. Em auto-estrada a Turismo Veloce Lusso mostra toda a sua raça. Rodar fora da lei é quase que obrigatório e muitas vezes temos que frear os nossos ânimos. As vibrações desaparecem e a suavidade do conjunto deixa-nos apenas desfrutar do fantástico som da ponteira tripartida da Lusso.

O quadro de tubo de aço em trelissa é uma característica belíssima das MVs e a Turismo Veloce não é excepção. Toda a secção frontal é meticulosamente soldada à mão nas instalações da MV por técnicos altamente especializados. Toda a ciclística da Turismo Veloce é concebida para uma condução desportiva que se revela de imediato quando nos aventuramos pelas estradas nacionais mais sinuosas, quase que esquecendo-nos que estamos a rodar com malas atrás tal é o ritmo “Veloce” que a a MV nos convida a impor.

As suspensões Sachs de 43mm garantem uma leitura excelente da estrada e revelam um bom desempenho em piso degradado. Em travagens mais violentas revelaram um afundamento excessivo mas talvez o setup não estivesse correcto para o meu peso. Confesso que perdi um pouco na leitura da informação disponível no painel LCD.

Os travões Brembo são obviamente uma constante quando se requer qualidade e desempenho na travagem. No caso da Turismo Veloce monta à frente 2 discos de 320mm com pinças de 4 pistons e a travagem mostrou-se à altura das várias situações em que fui testando a MV. Atrás o disco é de 220mm e a pinça de apenas 2 pistons, aliás aquilo que é normal vermos em motos deste segmento e com estas características. Apesar de incluir ABS da Bosch praticamente não notei a sua intervenção, certamente motivado pelo tipo de condução mais suave e turística que imprimimos durante todo o ensaio. Certamente em condições mais agressivas ou de piso escorregadio a intervenção do mesmo seria mais óbvia.

Uma enorme sensação de conforto foi aquela que sempre nos acompanhou no teste que realizámos. A posição de condução é perfeita com as mãos e os pés colocados no sítio certo e de forma natural. Para a sensação geral de conforto contribui de definitivamente o assento que para além da sua forma anatómica revelou um suporte muito confortável e muito acima da média o que para a realização de longas tiradas é absolutamente fundamental. E se tivermos em conta que a Turismo Veloce comporta no se seu depósito 21,5 litros de combustível poderemos facilmente realizar etapas de 300 Kms entre abastecimentos.

A nível de eletrónica a Turismo Veloce tem tudo o que hoje em dia as motos desportivas e turismo topo de gama incluem; Acelerador Ride by Wire, cruise control, ABS , modos de motor, control de tração, controle de arranque ( launch control ) e outras funcionalidades incluídas de origem como o aquecimento de punhos e uma app que permite a ligação da moto ao nosso smart phone e que permite fazer download de informação estatística de todo tipo. Sinceramente, as motos hoje em dia incluem tanta electrónica que a otimização de toda a sua funcionalidade requer um estudo prolongado da sua programação.

Preparem-se para dedicar sempre algumas horas a estudar os manuais que são fornecidos na compra da moto e depois passar da informação à prática aplicando os conhecimentos adquiridos e testando qual o setup que mais vos agrada. Parece complexo e será, certamente mais para uns do que para outros, mas a sofisticação tecnológica obriga a uma maior adaptação, sobretudo para aqueles que, como eu, são “old school”.

Para concluir temos que de início dar razão a Giovanni Castiglioni pois de facto a MV Turismo Veloce é mesmo uma desportiva “vestida” de Sport Tourer, no entanto, a sua aptidão turística não foi de forma alguma esquecida com a versão Lusso e a mostrar credenciais à altura do segmento, confortável e com autonomia para realizar viagens de muitos kms.

De qualquer forma a Turismo Veloce é uma MV Agusta, de corpo e alma, sofisticada e bela, tecnologicamente avançada, com um motor que nos enche a alma de sensações que nos transportam para outra dimensão. Moto de um design exclusivo e de uma estética arrebatadora e que se faz pagar pela sua exclusividade. Uma verdadeira obra de arte que poderia estar exposta num qualquer museu de Design ou de Arte Contemporânea.

 

Ficha Técnica

MOTOR
Tipo tricilíndrico, refrig. líquida, 4 tempos, DOHC, 4 valve
Cilindrada 798 cc
Potência Máx. 110 hp @ 10.150 rpm
Binário Máx. 80 Nm@ 7.100 rpm
Embraiagem SCS Smart Clutch System deslisante e mutidisco em óleo
Alimentação Injecção electrónica MVICS 3.0
Caixa Vel 6 Velocidades
CHASSI E SUSPENSÕES
Quadro Treliça em aço
Suspensão Dianteira Sachs Invertida 43mm eletrónica curso 160mm
Suspensão Traseira Amortecedor Sachs eletrónico curso 165mm
TRAVÕES E PNEUS
Travões Dianteiros 2 Discos de 320mm Pinça Brembo 4 pistons com ABS
Travões Traseiros Disco de 220mm pinça de 2 pistons com ABS
Pneu Dianteiro 120/70-17 jantes em liga Tubeless
Pneu Traseiro 190/55-17 jantes em liga Tubeless
ELETRÓNICA E ELETRICIDADE
Bateria 12
Luzes Dianteiras Full LED
Luzes Traseira Full LED
Painel Info LCD contraste ajustável multi informação
Controle Tração sim 8 niveis
Ride by Wire sim
Modos de Motor sim 4 modos
Outros Launch Control
DIMENSÕES
Comprimento 2.125 mm
Largura 910 mm
Altura n.d. mm
Distância entre Eixos 1.445 mm
Distância ao solo 140 mm
Altura do banco 850 mm
Peso total 192 Kg
Capacidade do Depósito 21,5 litros
Reserva n.d.
Consumos n.d.
Norma Emissões Euro 4

  PVP                                                           19.500 euros

Concorrência

Ducati MultiStrada 950   937cc / 113 CV / 227 Kg / 13.795 euros

Yamaha Tracer 900 GT  847cc / 115 CV / 210 Kg / 12.595 euros

 

Galeria de Imagens

 

 

 

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Pedro Rocha
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