Ensaio Harley Davidson Fat Boy 2018 – The New Terminator

Por a 7 Agosto 2018 17:28

 A Harley-Davidson Fat Boy nasceu no final dos anos 80 quando Willie Davidson e Louie Netz decidiram produzir um protótipo para participarem no Daytona Bike Week de 1988 e 89. Dada a expectativa e o sucesso que o modelo criou passou a ser comercializado a partir de 1990 até aos dias de hoje.

Mais tarde a Fat Boy foi imortalizada pelo actor Arnold Schwarzenegger nos filmes da série “Terminator” tendo também aparecido em outros filmes como o “Sons of Anarchy”, “Wild Hogs” e até no CSI Miami.

O modelo de 2018 mantém a sua aparência robusta que não deixa ninguém indiferente. Relativamente ao modelo anterior de 2017 sofreu uma evolução importante sobretudo a nível das suspensões que são agora Showa, mono-amortecedor na traseira e na frente a suspensões Showa também com sistema SDBV de Dual Bending Valve que permite um maior controle e suavidade na compressão e hidráulico na extensão conferindo maior conforto e controle na condução da Fat Boy, mas já lá vamos.

Como ensaiar um Harley- Davidson é sempre um momento especial decidimos fazê-lo da melhor forma, aproveitando a Concentração de Faro e rumando ao Algarve juntamente com centenas de outros motociclistas. O objectivo não era o de participar na concentração mas sim sentir a energia especial desse fim de semana montados numa Harley icónica e preparados para rodar em grupo.

Os cerca de 300 kms de auto-estrada até ao Algarve foram realizados dentro dos limites legais de circulação, sempre nos 120Kmh, com algumas aceleradelas pelo meio para testar a capacidade de recuperação da Fat Boy e a sua velocidade de ponta. Confesso que por vezes no meio do entusiasmo chegámos a superar momentaneamente os 190 Kmh, claro que pendurados no guiador pois a Fat Boy não inclui qualquer proteção aerodinâmica. Considerando esta realidade recomenda-se talvez para viagens mais longas e para diminuir o cansaço dos braços, a montagem de um pára-brisas, já que acima dos 120 Kmh o esforço adicional nas nossas mãos, para não deslizarem nos punhos, era considerável.

Ao longo de cerca de 4 horas a Fat Boy mostrou todas as suas qualidades estradistas, proporcionando uma agradável condução, sem vibrações excessivas nem ruído incómodo, e de um enorme conforto sempre que respeitado o limite dos 120Km/h.

Surpresa agradável foram também os consumos com a Fat Boy a acusar pouco mais de 5 litros aos 100 kms o que, para um motor de 1.868 cc, é de facto espantoso. Se considerarmos a capacidade do depósito de 18,9 litros podemos concluir que a Fat Boy terá uma autonomia perto dos 300 kms.

Ao pararmos em qualquer lugar a Fat Boy é sempre motivo de atração e comentários. A combinação cromática da unidade que nos foi disponibilizada onde o preto contrasta com uma enorme quantidade de cromados é de facto impactante. Para além dos elementos cromados característicos a Harley dotou a sua Fat Boy de acabamentos de um cromado satinado  que constrastam e valorizam o aspecto geral da moto.

O elemento sempre mais controverso das Fat Boy é de facto as jantes sólidas de 18”,  que no entanto sempre marcaram o estilo deste modelo e que muitos consideram ser demasiado sensíveis aos ventos laterais. Pela nossa parte não verificámos  essa particularidade e em momento algum sentimos instabilidade da moto provocada por ventos laterais, talvez porque a sua dimensão e peso compense com maior estabilidade.

 

A frente da Fat Boy é realmente impactante, com especial destaque para a peça cromada do farol dianteiro que cobre também a suspensão e forma um bloco com os copos protetores das barras e das baínhas. Uma frente realmente bem desenhada onde o moderno farol de tecnologia LED contrasta com o formato e aspecto retro do conjunto farol/suspensão.

O guiador da fat Boy é bastante largo e baixo e a posição obriga talvez a termos os braços algo demasiado esticados. De estatura 1.80m ou seja não sou propriamente baixo, achei que estava no limite para não se tornar esforçada. Os espelhos eram fáceis de ajustar e garantiam uma visão correcta, sem vibrações. As manetes não tinham a possibilidade de ajuste da sua distância ao punho o que provavelmente será entendido como uma “mariquice” desnecessária numa Harley Davidson. Os comandos são bastante fáceis de acionar e de belo efeito estético. Os punhos são metálicos semi-forrados a borracha e oferecem um tacto confortável e uma aderência ótima, mesmo sem luvas.

O manómetro de informação situa-se sobre o depósito e tem uma dimensão que permite uma boa leitura de toda a informação, deixando a zona frontal do guiador totalmente livre e despida de qualquer outro elemento conferindo um aspecto minimalista característico que nos agrada.

O depósito monta dois tampões , um de cada lado, sendo o esquerdo falso mas facilmente retirável o que representa um risco e uma tentação para os amigos do alheio se entenderem querer levar uma recordação desta magnífica Fat Bob. Aliás o tampão do lado direito sem fecho de origem expõe também o combustível a qualquer acto de vandalismo ou maldade.

A baixa altura do assento de 67,5 cm permite-nos com enorme facilidade chegar com os pés ao chão para, quando parados, podermos equilibrar a Fat Boy. Em andamento mais arrojado as plataformas roçaram aqui e ali no alcatrão mas foi apenas em situações mais extremadas de inclinação, realidade esta que, apesar da segurança sempre sentida, não é propriamente a vocação da Fat Boy .

O banco do pendura não é muito confortável nem muito espaçoso para além de que não existem pegas laterais para se segurar. No caso de se pretender ter uma utilização assídua recomenda-se melhorar esta realidade, investindo num apoio dorsal ou num banco mais confortável para o passageiro. A traseira da Fat Bob monta agora por debaixo do guarda lamas, cortado ao estilo Bobber, um novo farol de LED perfeitamente integrado e sóbrio a contribuir para um look super clean do conjunto.

A grande novidade deste modelo para 2018 é a nível do seu quadro. Mais rígido e reforçado mas com menos elementos e substancialmente mais leve. O que caracteriza a designação “softail” é o desenho do quadro que faz parecer que moto é de quadro rígido na traseira ou seja que o braço oscilante “não oscila”. No modelo de 2018 a Harley- Davidson redesenhou totalmente o quadro no sentido de evoluir nos aspectos mais criticáveis do seu passado que a penalizavam em termos de conforto e manobrabilidade. As suspensões foram por isso totalmente revistas e contam agora com um amortecedor Showa colocado por baixo do banco em situação quase invisível e que permite um ajuste fácil de pré-carga de mola.

A Fat Boy goza ainda de maior estabilidade graças a um maior angulo de direção de 30º e a uma maior distância entre eixos. Onde a Fat Boy ainda fica algo curta é na travagem pois continua a montar apenas um disco na dianteira o que apesar de incluir agora ABS é insuficiente para o peso de mais de 300 Kg da moto.

Em termos de motorização a Harley-Davidson disponibiliza para a Fat Boy duas possibilidades do seu V-Twin a 45º. A primeira de 107 Cubic Inch ou seja 1.745 cc com 145 Nm de binário e a versão 114 Cubic inch ou seja com 1.868 cc e igualmente 145 Nm de binário, sendo esta última versão aquela que ensaiámos. Um motor silencioso e sem vibrações, que não é novidade, e que monta um eixo de equilíbrio que elimina grande parte das vibrações contra a vontade de muitos dos puristas da marca certamente.

Esta questão da falta de vibrações , da suavidade e silêncio do seu motor, acompanhado por um roncar melodioso proporcionado pelas duas ponteiras de escape, e o acerto do desempenho das novas suspensões transformaram os 850 Kms percorridos nesse fim de semana numa fantástica experiência em nada desgastante tendo em conta a expectativa algo conservadora que levávamos de início connosco. Mais, a volta foi decidida realizar pelas estradas nacionais junto à Costa Vicentina, passando primeiro por Sagres, onde ainda tivemos a oportunidade de confraternizar uns momentos com alguns membros do Clube Motard de Vila do Bispo ( Não houve tempo para os caracóis e as imperiais pois tínhamos 300 kms de estradas nacionais e secundárias pela frente nessa tarde de domingo ), e a Fat Boy mostrou uma enorme evolução no conforto e no seu comportamento geral, apesar do mau estado de algumas das estradas e da dimensão do pneu traseiro que resistia ao inclinar nas curvas.

No final foi uma experiência extremamente gratificante , onde pudemos viver o verdadeiro espírito Harlista e partilhar alguns momentos em estrada com outros companheiros rumo ao maior evento europeu dedicado às motos e aos motociclistas e onde tudo decorreu, como habitualmente, de forma pacífica e muito animada.

Dependendo dos modelos, cores e motorizações as Fat Bob têm diferentes PVPs.

Fat Bob Milwaukee – Eight 107 cub. inch

Vivid Black       22.550 eur

Cor única         22.800 eur

Dois Tons          23.300 eur

Fat Bob Milwaukee – Eight 114 cub. Inch

Vivid Black       24.500 eur

Cor única          24.750 eur

Dois Tons           25.250 eur

Aniversário     25.900 eur

 

Ficha Técnica

Marca: Harley-Davidson Modelo: FAT BOY 2018
MOTOR
Tipo bicilíndrico,V-Twin 45º, 4 tempos, DOHC.
Cilindrada 107/ 1.745cc e 114/ 1.868 cc
Potência Máx. 109 ft/lb e 119 f/lb
Binário Máx. 145Nm
Embraiagem multidisco em banho de óleo
Alimentação Injecção electrónica
Caixa Vel 6 Velocidades
CHASSI E SUSPENSÕES
Quadro Soft tail
Suspensão Dianteira Showa
Suspensão Traseira Monoamortecedor Showa ajustável em pré-carga
TRAVÕES E PNEUS
Travões Dianteiros 1 Disco com 4 pistons
Travões Traseiros i disco com 2 pistons
Pneu Dianteiro 160/60-18 c/ jantes em liga
Pneu Traseiro 240/40-18 c/ jantes em liga
ELETRÓNICA E ELETRICIDADE
Bateria 12 V, BAH VRLA
Luzes Dianteiras Full LED
Luzes Traseira Full LED
Painel Info Manómetro multi informação
Controle Tração não
Ride by Wire não
Modos de Motor não
Outros
DIMENSÕES
Comprimento 2.370 mm
Largura n.d. mm
Altura n.d. mm
Distância entre Eixos 1.665 mm
Distância ao solo n.d. mm
Altura do banco 675 mm
Peso total 304 Kg
Capacidade do Depósito 18,9 litros
Reserva n.d.
Consumos n.d.
Norma Emissões Euro 4

 

 Concorrência

        – Indian Chief 2018                    1811 cc / 130Cv / 354 Kg / 22.800 eur

 

Galeria de Imagens


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Pedro Rocha
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