Ducati Multistrada 1200 Enduro
Quando não os podemos vencer nada melhor do que nos juntarmos a eles. O ditado é antigo mas bem verdadeiro no momento em que a Ducati coloca no mercado nacional a recente Multistrada 1200 Enduro.
Desde a passada sexta-feira está já nos concessionários da Ducati a nova Multistrada 1200 Enduro. Uma moto que pretende cativar clientes para a marca por força de toda a genética desportiva da casa de Borgo Panigale mas igualmente pelos argumentos técnicos e tecnológicos que a mesma pode encerrar de acordo com a versão adquirida. Tendo como base o conhecido Testastretta com sistema DVT – Desmodromic Variable Timing – a versão Enduro da Multistrada promete levar ainda mais longe os motociclistas que pretendem ter não apenas uma companheira de viagem no asfalto mas igualmente aquela companheira que os pode levar a qualquer ponto sem grandes dificuldades. A Ducati entra de forma ainda mais declarada em território dominado pelos vizinhos alemães e torna-se em mais uma marca a procurar o segmento
ATAQUE DIRECTO
Depois do sucesso da versão estradista a Ducati sentiu que precisava de algo mais para continuar a cativar os seus clientes e poder mesmo aliciar novos seguidores para o seu emblema. Quem anda de moto não é indiferente ao nome Ducati, mas num mercado em que o segmento ‘tourer’ e ‘adventure’ representa muitos milhares de unidades vendidas de várias marcas, faltava uma moto capaz de também ela se aventurar no fora-de-estrada com o mesmo à vontade com que a irmã estradista o faz na superfície negra de qualquer estrada. A 1200 Enduro vem preencher esse mesmo espaço e promete oferecer conforto, tecnologia e sensações fortes a todos os motociclistas que a escolham. Com 160 cavalos de potência declarados não será por falta de potência que os obstáculos deixarão de ser ultrapassados, numa moto onde os engenheiros italianos não deixaram qualquer detalhe ser alvo de menor importância no momento da criação do conjunto. Utilizando o mesmo quadro treliça da Multistrada original a Enduro conta no entanto com um novo braço-oscilante.
O conhecido motor Testastretta com o sistema DVT, que fecha mecânicamente as válvulas de admissão e escape com a mesma precisão com que estas são abertas, permitindo algumas melhorias de funcionamento por exemplo em baixa rotação onde é necessária menor força de atuação sobre as válvulas pela ausência de molas. Com os seus 1198cc de capacidade o motor italiano entrega uns generosos e perfeitamente controláveis com a ajuda da eletrónica 160 cavalos de potência máxima ás 9.500rpm, com o binário anunciado a ser de 136Nm ás 7.500rpm. Tudo isto casa na perfeição com a caixa de seis velocidades com a primeira relação da mesma a ser mais curta que nas restantes ‘irmãs’ da familia Multistrada. Tecnologicamente encontramos igualmente uma verdadeira ‘montra’ de soluções que podem inclusivamente ser controladas através de uma aplicação para smartphone com o nome de Multistrada Link que ajuda através de ligação bluetooth gravar e consultar numerosos parâmetros de viagens desde o consumo a ângulos de inclinação. Ao mesmo tempo o ecrã TFT permite seleccionar todos os parâmetros de funcionamento da moto nas suas mais diversas opções: controle de tracção, controle anti-cavalinho, sistemas multimédia ou o ABS são apenas alguns deles, que funcionam em conjunto com os faróis direccionais sendo estes totalmente LED. A ignição é igualmente ‘mãos-livres’ de forma a proporcionar uma verdadeira experiência única de cada vez que saímos para a estrada com a Multistrada 1200 Enduro, seja para ir ao café ou para atravessar um continente.
POÇO DE SENSAÇÕES
Quando nos sentamos aos comandos de uma Multistrada 1200 Enduro temos pois que estar preparados para entrar num turbilhão de emoções que poucas motos deste segmento nos podem proporcionar. Temos por baixo de nós um motor com genética desportiva e em algumas versões temos mesmo soluções de travagem oriundas da irmã Panigale. Ao acionarmos o modo de funcionamento do motor estamos igualmente a definir o nível de gozo e diversão que vamos tirar dos momentos que se avizinham. Em modo Touring temos naturalmente uma moto civilizada, mas quando a colocamos em modo Sport está à solta o monstro que é esta Multistrada 1200 Enduro. Com a ajuda de sistemas que monitorizam a inclinação, a travagem, o funcionamento das suspensões e a ‘alma’ e a entrega de potência a condução torna-se mais fácil para todos os condutores, menos aqueles com menos experiência aos comandos de uma moto que mesmo nas travagens nos ajuda a levar a manete pressionada até meio da curva, ajustando todo o equilíbrio. A Ducati poderá ter colocado no mercado aquela que pode muito bem vir a ser a rainha das ‘adventure’ no futuro próximo, mas para que tal aconteça terá que ser comparada de forma directa com as suas adversárias que são muitas e com argumentos igualmente de peso. O mercado tem mais uma novidade, que chegou a Portugal na passada sexta-feira depois do lançamento em Milão em novembro.
MULTI-FUNÇÔES
No centro das atenções desta Multistrada está o generoso e completo display que ocupa o zona central frente ao guiador da moto italiano. Em parceria com os comandos instalados nos punhos que são retroiluminados, antes mesmo de iniciar a marcha podemos definir todos os parâmetros de condução que desejamos face à utilização que vamos dar à Multistrada. Podemos escolher o modelo de funcionamento do motor (Sport, Touring, Urban e Enduro) podendo igualmente ser selecionada nas versões com suspensão eletrónica Skyhook Evo a resposta das mesmas, sem esquecer os níveis de intervenção de sistemas como o DTC (controle de tracção) ou ABS, tudo de acordo com parâmetros pré definidos pela Ducati que visam tornar eficaz a alteração de modos de comportamento do conjunto. Fácil e rápido como todos desejam nos momentos que antecedem o inicio da viagem. A própria seleção de carácter altera de imediato bastantes configurações, desde o moto Touring que nos oferece uma suspensão mais suave, ao modo Sport que transforma por completo a Multistrada 1200 Enduro. As diferentes versões do modelo implicam a presença das soluções mais avançadas tecnologicamente de acordo com o preço a pagar, pelo que a moto italiana custa na sua base pouco mais de 17 mil euros e pode mesmo se aproximar da fasquia dos 20 mil euros na sua versão mais equipada. Argumentos com os quais a Ducati pretende ajudar os seus potenciais clientes a decidirem no momento da compra, seja em comparação direta com outras marcas ou mesmo entre as diferentes versões.
Texto: Rui Belmonte